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Rio Grande,03/11/2025

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André Zenobini

O futuro da logística gaúcha vive momento decisivo

Existe uma grande janela de oportunidades daqui até 2027 para discutirmos a logística gaúcha, na área hidroviária, portuária, rodoviária e ferroviária. Se não errarmos, ou perdermos o foco, poderemos construir uma nova realidade.

Do momento em que estamos até o ano de 2027, muitos projetos de grande valia logística para o Rio Grande do Sul estão sendo debatidos e definidos. Normalmente, contratos do setor de infraestrutura logística são de longa duração, de 10 a 25 anos. Ou seja, as decisões tomadas agora devem moldar as próximas três décadas.  

Existe uma grande janela de oportunidade para o Estado do Rio Grande do Sul debater aqueles projetos que são de grande importância para a logística gaúcha. Contratos de concessão de diversos modais estão em fase de revisão e é neste ponto que precisamos nos pegar para realmente encurtar distâncias e diminuir o custo logístico do RS.  

Só que se atentem, no momento em que o foco deveria ser a tomada de decisão, o Estado está perdendo o foco em projetos que exigiriam inúmeros investimentos públicos e privados. Ignorando até mesmo os dados que constam no Plano Estadual de Logística de Transportes (PELT-RS) e no Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), o Rio Grande do Sul está gastando energia para debater projetos portuários no litoral norte, que exigiriam não uma adequação ou melhoria logística, mas uma construção de uma nova cadeia multimodal. É contrarrazão, já que temos um orçamento finito e um tempo curto.  

A logística de cargas do Estado já é pensada para se direcionar ao Porto do Rio Grande. Utilizando rodovias, ferrovia e a hidrovia, as principais cargas precisam, de uma maneira ou outra, encontrar uma forma de chegar ao município do Rio Grande. É neste contexto que mora a oportunidade. Nos próximos três anos, projetos que demandam energia política e agilidade do poder público estarão em debate:  

Concessão do Polo Rodoviário de Pelotas  

Uma das primeiras grandes concessões rodoviárias do país, o Polo Rodoviário de Pelotas está em rediscussão. O atual contrato vence em 2026, sem renovação. Uma nova concessão será feita, em outros termos, num contrato mais moderno e menos oneroso para o usuário. A sociedade gaúcha, não só da metade sul, precisa contribuir para esse processo e devemos encontrar um modelo que auxilie a logística gaúcha.  

Concessão da malha ferroviária sul  

Segundo a ANTT, o Rio Grande do Sul possui uma malha de aproximadamente 3,3 mil quilômetros de linhas e ramais ferroviários, que assim como no país são utilizados quase exclusivamente para o transporte de cargas. Até a enchente de 2024, cerca de 1,5 mil quilômetros estavam desativados ou suspensos. Agora, cerca de mil quilômetros estão em operação. Esse contrato encerra em 2027 e já está sendo rediscutido. A reativação de linhas de cargas, bem como, a padronização da rede é essencial para darmos celeridade ao transporte no Rio Grande do Sul.  

Ponte Rio Grande x São José do Norte  

Nas duas cidades, o aspecto da ponte entre Rio Grande e São José do Norte é muito abordado pelo viés do cotidiano das pessoas. Quando elevamos o aspecto logístico da ponte estamos falando de dois fatores: a readequação das rotas argentinas e uruguaias e a integração das margens portuárias. Essa ponte será fundamental para garantir que a metade sul do RS deixe de ser uma “ponta no mapa” ou “fim de linha”, para ser um “meio de caminho” de rotas turísticas e de cargas. Quanto a instalações portuárias, a ponte sempre foi imperativa para a viabilidade de áreas em São José do Norte para a expansão portuária. O complexo do Porto do Rio Grande pode praticamente dobrar sua área disponível. Com o projeto executivo apresentado entre 2026 e 2027, precisaremos de grande força política e social para sua implantação.  

Hidrovia Brasil-Uruguai  

Projeto que consolida a grande vocação do Porto do Rio Grande como o Porto do Mercosul, a hidrovia Brasil-Uruguai ganhou grande força nos últimos anos.  A consolidação de uma rota confiável no Canal de Navegação da Lagoa Mirim também garantirá que projetos de terminais privados ao longo do caminho possam se consolidar, ampliando uma infraestrutura logística lógica que culmina com o acesso ao oceano Atlântico em Rio Grande, tornando-o um grande concentrador de cargas.  

Lote-4 da BR-392  

A duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, é de extrema importância para todas as cidades do traçado. Contudo, ela foi realizada por um grande motivo logístico. É a porta de entrada e saída da movimentação de cargas do complexo portuário rio-grandino. Contudo, ainda um trecho está pendente. O lote 4 da BR-392, justamente na área do Porto do Rio Grande. Essa obra tem impacto local, contudo, é um grande salto para a logística gaúcha, já que garantirá ainda mais organização e infraestrutura para a agilidade da movimentação de cargas.  

Portanto, cada um dos projetos citados e mais outros que poderiam ser trazidos aqui, falam justamente sobre essa organização do Estado para uma logística eficiente. Estamos falando de grandes projetos de infraestrutura para as instalações já existentes no Estado, que exigem debate, esforço social e político, para podermos ter um futuro promissor.  

São nesses projetos que deputados estaduais e federais precisam se ocupar, encontrar os recursos no orçamento e garantir sua execução. Não podemos errar e dissipar forças para criar novas rotas, recomeçar do zero uma logística que vai exigir muito dinheiro e tempo para se consolidar.  

Portanto, precisamos cobrar das autoridades para mirarem esforços naquilo que é viável e imprescindível para o futuro do Rio Grande do Sul. 



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