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Rio Grande,15/07/2025

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Luiz Pereira das Neves Neto

Múltiplas gerações no mundo do trabalho: a interlocução do “X”, “Y” e “Z” existe?

No Brasil, um estudo conduzido pelo Instituto Locomotiva (2021) mostrou que 58% dos trabalhadores brasileiros sentem dificuldade em interagir com colegas de gerações diferentes.

Múltiplasgerações no mundo do trabalho: a interlocução do “X”, “Y” e “Z” existe?

Por Luiz Pereira das Neves Neto

O mundo do trabalho contemporâneo é marcado por umacomplexa convivência intergeracional. Pela primeira vez na história recente,convivem ativamente nos ambientes organizacionais quatro — ou até cinco —gerações: Tradicionalistas (nascidos até 1945), Baby Boomers (1946-1964),Geração X (1965-1980), Millennials ou Geração Y (1981-1996) e a Geração Z (apartir de 1997). Esse cenário impõe desafios e oportunidades para instituiçõespúblicas e privadas, especialmente em termos de gestão de pessoas, comunicação organizacional,inovação e cultura institucional.

De acordo com estudo global da PWC (PricewaterhouseCoopers, 2022), mais de 70% dos líderes derecursos humanos apontam a convivência entre diferentes gerações como um dosprincipais fatores que influenciam a retenção de talentos e o climaorganizacional. Isso ocorre porque cada geração carrega consigo um conjunto devalores, estilos de trabalho, formas de comunicação e expectativas em relaçãoao emprego que foram moldadas por contextos socioculturais e econômicosdistintos.

Por exemplo, enquanto os Baby Boomers tendem avalorizar estabilidade, hierarquia e comprometimento de longo prazo, osMillennials demonstram maior valorização da flexibilidade, do propósito socialdo trabalho e da autonomia. Já os jovens da Geração Z, como mostra o relatórioda Deloitte Global (2023), priorizamsaúde mental, bem-estar e diversidade nas organizações — e tendem a buscarexperiências laborais que sejam mais compatíveis com seus valores pessoais.

A diversidade geracional pode ser, portanto, uma fontede inovação, desde que bem gerida. Erickson(2009), pesquisadora da Harvard Business Review, propôs o conceito de Generational Intelligence como umahabilidade organizacional de compreender, respeitar e integrar as distintasperspectivas geracionais, promovendo sinergias em vez de conflitos.

No Brasil, um estudo conduzido pelo InstitutoLocomotiva (2021) mostrou que 58% dos trabalhadores brasileiros sentemdificuldade em interagir com colegas de gerações diferentes, principalmente emambientes com alta demanda tecnológica. Esse dado evidencia a necessidade depolíticas de aprendizagem contínua e cultura colaborativa comoestratégias-chave de integração.

No campo da educação e da formação profissional, essecenário impõe novas exigências. A pedagogia da alternância, por exemplo,aplicada em programas de aprendizagem profissional, mostra-se um espaçoprivilegiado para mediação entre gerações, pois conecta saberes técnicos aexperiências intersubjetivas, conforme aponta Brandão (2017) em estudos sobre educação do campo e formação para otrabalho.

É importante destacar que o debate sobre gerações notrabalho não deve cristalizar estereótipos. Estudos recentes da Society for Human Resource Management(SHRM, 2020) alertam que há mais variações intrageracionais do queintergeracionais em termos de comportamento profissional, o que reforça aimportância de abordagens individualizadas, inclusivas e situadas na realidadesociocultural de cada grupo.

Ademais, mais do que pensar apenas em "choques degerações", é preciso desenvolver uma escuta intergeracional, que permita àorganização funcionar como um espaço de memória, transição e reconstrução. Issoexige não apenas ferramentas de gestão, mas também abertura para o diálogoentre diferentes paradigmas de trabalho — uma interlocução constante entre oque fomos, o que somos e o que aspiramos ser, enquanto sociedade emtransformação.

Por fim, a pergunta mais inquietante, que ainda cercaesta temática multigeracional, ainda persiste: Estamos preparados para transformar a convivência entregerações em potência coletiva — ou continuaremos tratando a diversidade etáriacomo um problema a ser administrado?


Referências:

    BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação do campo e saberes populares. Campinas: AutoresAssociados, 2017.

    DELOITTE GLOBAL. 2023 Gen Z and Millennial Survey. Disponível em: www.deloitte.com

    ERICKSON, Tamara. What’s Next, Gen X?. Harvard Business Review, 2009.

    INSTITUTO LOCOMOTIVA. Convivência entre gerações no ambiente de trabalho, 2021.

    PWC. Futureof Work and Skills Survey, 2022.

    SHRM. UnderstandingGenerational Differences in the Workplace, 2020.

 



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