Espelho, nosso confidente

Coluna de João José Reinbrecht Braga, Professor Maninho 

Bem, todos nós temos espelhos, inclusive, alguns de aumento ( côncavos ) e outros convexos, que é como o retrovisor dos automóveis, motos e caminhões, que nos fornecem uma imagem menor.

Vamos falar agora sobre o espelho plano, aquele que temos no quarto, banheiro ou em outra peça, e que nos dá a sensação de estarmos atrás dele, tanto é que se nos afastarmos dele, a nossa imagem também se afastará.

Quando jovens, olhávamos no espelho e analisávamos cada detalhe do nosso rosto, fazíamos caretas, conversávamos mentalmente, sorríamos, lacrimejávamos, enfim, por instantes, era o nosso confidente. Ele nos mostrava alguma espinha, algum cravo, algum espaçamento indesejado entre os dentes, o cabelo, muitas vezes, insistente em assumir posições que não queríamos... Para ele, sorríamos, chorávamos, confessávamos alguma atitude tomada e que nos deixava com a consciência pesada e, quem sabe, até perdão pedíamos, com a promessa de que esse “pecado” não voltaria a acontecer. Concluindo: o espelho era nosso amigo, confidente irmão, julgador...

O tempo foi passando, a idade chegando, e o espelho ali, nos mostrando mudanças físicas: testa maior, pequenas rugas ao lado dos olhos, outras no pescoço, as espinhas e cravos não mais aparecem, e nós ali, na frente do espelho, porém agora, ele não é mais nosso confidente, e apenas amigo que mostra os pequenos “defeitos” impostos pelo tempo.

O tempo continua passando, a idade avançando, e o espelho ali, onde nós, seguidamente paramos pela frente para uma analisa mais profunda , e agora, nos mostra que as rugas estão mais acentuadas e em maior quantidade, as pálpebras mais pesadas e, com isso , os olhos aparentemente menores, as orelhas e o nariz maiores, várias manchinhas aparecem, as sobrancelhas mais espessas e os cabelos, mais escassos e mais brancos.

Aí percebemos que o espelho nos acompanhou e continuará acompanhando enquanto nossos olhos permitirem, que ele já foi nosso confidente, crítico e até registrou a passagem de cada fase da nossa vida e não devemos esquecer que a imagem que ele nos mostrou, e mostra, é diferente de nós, na imagem, o nosso lado direito passa a ser esquerdo, que as letras estão ao contrário, assim como as palavras estão invertidas, logo, o nosso amigo espelho os dá uma lição: na vida, tudo tem mais de uma maneira de ver e a escolha é de cada um.