Seja bem-vindo
Rio Grande,14/07/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Um ano após tragédia no RS, Grupo de Resposta a Animais em Desastres relembra maior operação de resgate animal do país

A operação, além de emergencial, também teve um papel estratégico. Mais de 4 mil animais foram atendidos no período pós-desastre, quando as famílias iniciaram o retorno às suas residências.


Um ano após tragédia no RS, Grupo de Resposta a Animais em Desastres relembra maior operação de resgate animal do país Foto: divulgação
Publicidade

Há um ano o Rio Grande do Sul enfrentava uma das maiores tragédias climáticas de sua história. As fortes chuvas que atingiram o estado deixaram um rastro de destruição, provocando enchentes, deslizamentos, desalojando milhares de pessoas e afetando duramente as comunidades e seus animais. Foi nesse cenário de calamidade que o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) entrou em ação. No dia 1º de maio de 2024, uma equipe com cinco voluntários desembarcou em Porto Alegre para um diagnóstico inicial da situação e, com apoio da Defesa Civil Nacional e da Secretaria de Meio Ambiente do estado, não demorou para que houvesse percepção da dimensão da tragédia, que exigiria uma resposta em larga escala. Essa série fatores deu início aquela que seria a maior e mais longa operação da história do GRAD Brasil, que segue até hoje com ações de proteção e cuidado destinadas a animais que, em muitos casos, seguem em abrigos locais, a espera de adoção.

Ao longo de cinco meses, até setembro do ano passado, mais de 80 voluntários de 14 estados brasileiros se revezaram no Rio Grande do Sul. Profissionais das mais diversas áreas — médicos veterinários, biólogos, engenheiros, zootecnistas, bombeiros, fotógrafos, advogados e muitos outros — se uniram para atuar nos resgates e no atendimento direto aos animais vítimas das enchentes. O grupo mobilizou embarcações, veículos, drones, centenas de equipamentos e toneladas de insumos para realizar resgates em cidades como São Sebastião do Caí, Canoas, Eldorado do Sul, São Leopoldo, Porto Alegre, Cachoeirinha, Nova Santa Rita e tantos outros municípios duramente atingidos. Foram mais de 1.000 animais resgatados — entre cães, gatos, aves, répteis, suínos, equinos, bovinos e até peixes e anfíbios. Todos os resgatados foram avaliados por médicos veterinários, receberam protocolo sanitário completo e foram encaminhados para clínicas, abrigos ou lares temporários. Ao todo foram abrigados 20.000 animais em todas as cidades atingidas pela tragédia e 16.000 animais microchipados.

A operação, além de emergencial, teve também caráter estratégico. Foram assistidos mais de 4 mil animais no período pós-desastre, quando as famílias começaram a retornar às suas casas. Essas ações incluíram o fornecimento de ração, medicamentos, vacinas, antiparasitários, itens de conforto e cuidado como caminhas e comedouros. Para garantir ainda mais qualidade de vida aos animais abrigados, o GRAD construiu seis pet places em abrigos e organizou um espaço exclusivo para gatos resgatados em Canoas, onde mais de 200 felinos foram tratados até poderem voltar aos tutores ou serem adotados. Além disso, foram alugados imóveis para acomodar a equipe, abrigar os animais e armazenar insumos, e contratados 95 profissionais — entre veterinários, tratadores, auxiliares de limpeza e administrativos — dando prioridade para moradores atingidos.

As ações do GRAD foram além dos animais. O GRAD atuou no salvamento de humanos, de famílias inteiras, inclusive de um recém-nascido de 15 dias de idade. O grupo esteve presente em nove abrigos destinados a pessoas, cuidando dos animais das famílias abrigadas com todo o protocolo sanitário, além de microchipagem, distribuição de ração e outros insumos. Nos Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), montados pelo governo estadual, o GRAD também foi responsável pela castração dos animais, adequação dos espaços e atendimento veterinário contínuo. Em parceria com o Ministério Público do Rio Grande do Sul e o Governo do Estado, o GRAD assumiu a gestão dos recursos do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), com os quais já foram realizadas 4.900 castrações — parte financiada com recursos próprios e a maior parte pelo fundo. Só neste mês de abril, foram 1.138 novas castrações em parceria com a Clínica Veterinária Projeto de Castração.

A operação também envolveu internações e procedimentos cirúrgicos. Ao todo, 76 animais precisaram ser internados em clínicas veterinárias, 42 passaram por cirurgias e mais de 300 exames foram realizados. Casos mais graves, como cães com comportamento agressivo e gatos com doenças infecciosas em estágio avançado, foram transportados para São Paulo com apoio da Força Aérea Brasileira, para tratamento em locais especializados. Mesmo após o fim da fase emergencial, o GRAD manteve presença no estado, organizando eventos de adoção e campanhas de atendimento. Foram mais de 580 adoções viabilizadas em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, mostrando que recomeços são possíveis, até mesmo nos cenários mais difíceis.

Com mais de 70 toneladas de ração distribuídas, 41 abrigos atendidos e uma logística complexa envolvendo containers, tendas, construção de baias e compra de materiais, o GRAD transformou sua atuação em um verdadeiro plano de reconstrução da dignidade animal. E a missão continua. Em abril de 2025, uma nova fase de castrações foi iniciada, reforçando o compromisso do grupo com a saúde pública, o controle populacional e o bem-estar dos animais do Rio Grande do Sul. Em um cenário de tanta dor, o GRAD se tornou símbolo de empatia, coragem e competência — lembrando a todos que, mesmo em meio ao caos, toda vida importa. A maior gratificação do grupo é proporcionar o reencontro dos animais com suas famílias.

Publicidade



COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.