Marisa Martins
Dormir Suspensa?
“Fui dormir umas vezes tão feliz que, se soubesse minha força, levitava”. – Adélia Prado
DORMIR SUSPENSA?
Marisa Martins
aloha.marisah@gmail.com
Foto: arquivo pessoal
“Fui dormir umas vezes tão feliz que, se soubesse minha força, levitava”. – Adélia Prado
Já dormi em rede, que é suspensa. Muito bom. Em especial, no verão, presa entre árvores, como a do Homer Simpson.
Já experimentei, além de redes, beliches e camas dobráveis de lona, colchonetes, almofadões. Dormi em tatame sobre o assoalho. Antes que perguntem, até colchão de molas ou espuma já usei, ou uso.
Dei-me conta que não esgotara a longa lista das peças que nos acalentam, descansam, ou nos atormentam, quando inadequadas.
Vejo, na Alemanha, ao se alugar pequeno motor home, nova forma de dormir suspensa, diferente do vai-e-vem de rede. Não naquele colchão que muitos desses veículos têm, responsáveis por elevações avançadas sobre a cabina.
Desenvolveram elegante teto rebaixado sobre a sala, com luzes embutidas e armários nele afixados. Ao ser destravado e levemente puxado, desce, como num passe de mágica. Paira sobre mesa, sofás e corredor. Aproveita a área dos três elementos.
Surge confortável cama de casal, junto com escadinha de acesso, de três degraus. Terminado o uso, tudo volta ao lugar mediante suave esforço, de baixo para cima. Bem bolado sistema mecânico garante acionamento do conjunto.
Não acompanhei minuciosas explicações e instruções de uso, em alemão. Assim, ao entrar, nem fui apresentada ao ilustre desconhecido. Preocupei-me em examinar meu reino - a cozinha - e o material disponível.
A seguir, gostei do que vi na “casinha rodante”: quarto confortável; banheirinho com box separado; mesa de bom tamanho; sofás, muitos armários; tulha com móveis para pôr sob o toldo e, novidade, amplo teto solar.
Não me chamou a atenção, na apresentação, o teto interno rebaixado. Pensei tratar-se de detalhe decorativo. Após quase uma semana rodando, a distraída notou o puxador e a cinta de segurança. Eureca, uma cama suspensa. Mais larga do que a cama oficial.
Não, não dormi nela. E se me esqueço da escadinha, pensando estar ao nível do piso?
Dormir suspensa? Só em rede. O tombo é mais suave...
P.S.: Arrependo-me de não ter, ao menos, tirado uma soneca, na cama aérea.
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