Exportações gaúchas registram leve alta de 0,3% em 2025
Desempenho positivo no primeiro trimestre compensou retrações nos meses seguintes; China segue como principal destino das vendas externas do Estado
Foto: Divulgação As exportações do Rio Grande do Sul acumularam crescimento de 0,3% entre janeiro e setembro de 2025, totalizando US$ 15,4 bilhões. O resultado, embora modesto, foi sustentado pelo bom desempenho no primeiro trimestre, que registrou alta de 12%, compensando as quedas de 5,2% e 3,3% observadas no segundo e terceiro trimestres, respectivamente, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Os dados constam no Boletim de Exportações, divulgado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O levantamento, elaborado pelo pesquisador Ricardo Leães, baseia-se em informações do Sistema Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Setores em destaque
Entre os segmentos que impulsionaram o resultado positivo, destacam-se fumo e seus derivados (+23%), carnes (+16,9%) e veículos rodoviários (+40,3%). As exportações de carne bovina cresceram expressivos 94,5%, enquanto a carne suína avançou 27,7%, compensando o recuo da carne de frango.
No terceiro trimestre, o total exportado pelo Estado somou US$ 6 bilhões, queda de 3,3% em relação a 2024. A principal causa foi a retração no complexo soja, cujas vendas externas diminuíram 12,8%, reflexo da menor safra de 2025, prejudicada pela estiagem. Também houve queda nos setores de máquinas e equipamentos industriais (-42,4%) e produtos florestais (-23,7%).
Os cinco principais grupos exportadores entre julho e setembro foram: complexo soja (US$ 1,9 bilhão), fumo e seus produtos (US$ 900,5 milhões), carnes (US$ 683,3 milhões), veículos rodoviários (US$ 354,6 milhões) e produtos florestais (US$ 256,9 milhões).
Principais destinos e impactos externos
A China manteve-se como principal destino das exportações gaúchas, absorvendo 28,9% do total no terceiro trimestre, seguida pela União Europeia (12,4%), Argentina (7%), Estados Unidos e Paraguai. Juntos, esses mercados concentraram 57,9% das vendas externas do Estado.
Entre as maiores quedas, destacam-se as vendas para o Irã (-79,5%), Coreia do Sul (-48,9%) e Estados Unidos (-18,1%). No caso norte-americano, a redução foi atribuída à nova tarifa de 50% sobre produtos importados, imposta em agosto de 2025 pelo governo dos Estados Unidos, o que resultou em uma queda de US$ 118,4 milhões nas exportações entre agosto e setembro.
Os produtos mais afetados pela medida foram fumo não manufaturado (-US$ 51,8 milhões), armas e munições (-US$ 24,6 milhões) e celulose (-US$ 19 milhões), que responderam por cerca de 80% da retração no período.
Panorama geral e contexto internacional
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o complexo soja (US$ 3,5 bilhões) segue como principal grupo exportador, seguido por fumo e seus produtos (US$ 2,1 bilhões), carnes (US$ 1,9 bilhão), produtos florestais (US$ 889,5 milhões) e cereais, farinhas e preparações (US$ 886,5 milhões).
Os principais destinos das exportações do Estado foram China (21%), União Europeia (12,7%), Estados Unidos (8,8%), Argentina (7,2%), Vietnã (3,6%), Chile (2,7%), Paraguai (2,7%) e Uruguai (2,7%), que juntos representaram 61,4% do total exportado.
Entre os mercados que mais cresceram, destacaram-se Argentina (+45,7%), Indonésia (+186,6%) e Singapura (+69,8%). Já as maiores quedas ocorreram nas exportações destinadas à China (-13,5%), Coreia do Sul (-41,2%) e Irã (-61,7%).
De acordo com o DEE, o desempenho das exportações gaúchas reflete o impacto de fatores climáticos, como a estiagem, e o contexto internacional instável, marcado pela guerra tarifária liderada pelos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump. As tensões comerciais têm afetado a competitividade dos produtos brasileiros e ampliado a incerteza sobre o fluxo global de mercadorias.








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