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Rio Grande,18/05/2024

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Comitê de Eventos Extremos da FURG divulga análise sobre o provável impacto do atual fenômeno em Rio Grande

Confira o boletim da universidade que conta com um parecer técnico sobre o atual evento no Estado


Comitê de Eventos Extremos da FURG divulga análise sobre o provável impacto do atual fenômeno em Rio Grande

Na noite da última sexta-feira, 03, o Comitê de Avaliação e Prognóstico de Eventos Extremos da FURG divulgou o boletim 01/2024, o qual consiste em uma análise do atual evento extremo que atingiu o Estado nesta semana; bem como, contempla ainda alguns prováveis impactos na região sul, área na qual se insere o município do Rio Grande. O documento também projeta quando a vazão de água desde o Guaíba pode chegar na cidade, período este estimado em sete dias para Rio Grande e três dias até São Lourenço do Sul.

“No entanto, esse é um evento de grandes proporções, e os volumes de águas que estão forçando a passagem de Itapuã, ao norte da Lagoa, são extremos. Além disso, a vazão de afluentes como o Camaquã já está alta, o que indica que vamos experimentar elevações no estuário mais cedo do que esse período citado”, cita o boletim.


Peculiaridades do fenômeno e possíveis impactos

Ainda no início do texto, o documento categoriza o evento extremo como “de complexa análise”, em razão do caráter técnico-científico envolvido. Um destes aspectos reside no ineditismo do fenômeno, uma vez que não existem parâmetros ambientais conhecidos para referência. Outro fator é a falta de sistemas observacionais complexos e diversos o suficiente para permitir que modelos avançados possam realizar qualquer tipo de previsão precisa.

Segundo os relatores, para entender a área de possível inundação, é preciso entender que a conformação do terreno nas margens é crucial traçar estimativas, ou seja, a topografia do entorno inundável. Numa planície costeira - como a que estamos situados - para que se tenha alguns centímetros de elevação no corpo d’água são necessários grandes volumes. Isso é diferente dos vales dos rios no norte do estado, por exemplo.

Um projeto entre a FURG e a Prefeitura Municipal do Rio Grande permitiu nos últimos anos a construção de um modelo de terreno de alta precisão, o que possibilita prever as áreas que serão inundadas de acordo com o nível atual da água no estuário. O nível que serve de referência para esse modelo está materializado num instrumento instalado no Centro de Convívio dos Meninos do Mar (CCMAR-FURG). O modelo foi testado e validado no último evento extremo, datado de setembro de 2023.

De acordo com o documento, o volume de água que pode entrar no nosso estuário ao norte seria originado de toda a bacia do sistema de lagoas Patos-Mirim. O volume que deixa o estuário para a plataforma continental, no Oceano Atlântico, o faz pela estreita passagem entre os Molhes da Barra, pelo Canal de Acesso do Porto do Rio Grande, e depende da direção do vento atuante.

O Boletim estima que, em um nível médio de inundação normal, o estuário comporte algo em torno de 1.250 milhões de metros cúbicos de água. Para a máxima de inundação normal, aproximadamente 50 cm acima dessa média - e que ainda não cobriria as áreas urbanas - seria necessário um acúmulo de mais de 200 milhões de metros cúbicos no volume comportado no estuário.

Ainda que uma série de ambientes ao redor da cidade do Rio Grande, em especial aquelas áreas próximas à orla, recebam um considerável volume de água, antes desse fenômeno, as áreas no entorno das ilhas do estuário, os baixios e os banhados também são inundadas; essas áreas em cotas limites comportam boa parte do volume da água, aguardando o fluxo natural para o oceano, e salvaguardando as nossas estruturas urbanas.


Considerações

Com base nos dados apresentados e no que os relatores do Comitê observam desde o início da passagem do evento extremo – o que engloba a medição do nível do estuário em três pontos, as previsões de vento e chuva dos modelos globais para os próximos sete dias, e as medidas de nível no Delta do Guaíba -, é possível afirmar que a probabilidade do nível da água na orla das cidade de Rio Grande e São José do Norte atingir os limites do evento de setembro de 2023 é muito alta; podendo ultrapassar este último caso a condição de ventos do quadrante sul se intensifique.

O documento indica, ainda, que os prognósticos de elevação dos níveis da laguna e do estuário na escala de metros é irreal para esse evento, principalmente pela sua enorme área e o fato de estarmos situados em uma região plana. “O tipo de elevação que se observa nas calhas dos rios que geraram efeitos catastróficos em outros municípios são de outra proporção, em função da topografia acidentada dessas regiões do estado”, corrobora o documento.


Quando podemos esperar os impactos?

Os registros científicos nos quais o relatório se baseia indicam que a vazão desde o Guaíba poderá se fazer sentir dentro de um período de sete dias até Rio Grande e três dias até São Lourenço do Sul. No entanto, esse é um evento de grandes proporções, e os volumes de águas que forçam a passagem de Itapuã, ao norte da Lagoa, são extremos. Além disso, a vazão de afluentes como o Camaquã já está alta, o que indica que vamos experimentar elevações no estuário mais cedo do que o período citado. A situação em São Lourenço do Sul inspira ainda mais cuidados em função da previsão de chuvas fortes na semana que inicia nesta segunda-feira, 6, momento em que o nível da lagoa já deve apresentar elevação.

Por fim, ainda que neste momento não existam condições perenes de afirmar que as águas do estuário atingirão cotas históricas, cabe ressaltar atenção extrema às recomendações da Defesa Civil, e informar que a equipe do Comitê de Avaliação e Prognóstico de Eventos Extremos da FURG divulgará boletins regulares, enquanto durar o evento, com os dados registrados junto ao equipamento de monitoramento instalado e sob supervisão da Universidade. “Esses dados nos permitem medir a velocidade de elevação do nível do estuário e, assim, em algum tempo hábil, com nosso modelo de terreno, prever o avanço sobre as áreas da cidade e sobre as cotas críticas”, conclui o relatório.

Cientes destas informações, é fundamental adotar medidas de prevenção nas áreas de risco e oferecer auxílio para as comunidades em situação de vulnerabilidade, buscando preservar vidas e minimizar os prejuízos advindos desses eventos.


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