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Há décadas, "O Pequeno Príncipe" encanta gerações ao redor do mundo, cativando leitores de diferentes gerações com sua narrativa atemporal. Desde seu lançamento, em 1943, a obra de Antoine de Saint-Exupéry atravessou fronteiras, ganhando novas diagramações e adaptações.

Uma dessas adaptações é o livro "O Pequeno Príncipe - Uma História na África", escrito pelos autores Arthur Barcelos e Adriana Fraga da Silva, ambos arqueólogos da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). 

Na nova versão, o personagem principal torna-se mais conectado com o continente africano, explorando os encantos, a cultura local, e abordando reflexões sobre a luta contra a discriminação racial. A adaptação da obra conta com ilustrações do artista Alisson Affonso e diagramação da editora Yaguaru.

Segundo a autora Adriana Fraga da Silva, a ideia de produzir a adaptação do livro nasceu a partir de um projeto de extensão da Furg desenvolvido com estudantes de uma escola pública, localizada no bairro São João, em Rio Grande.  “Foram muitos os fatores  que nos levou a chegar a  releitura desta obra clássica. Em primeiro lugar, percebemos que havia muitos relançamentos da obra, vimos capas de todas as cores, livros de todos os formatos. Ficamos curiosos com tantas edições diferentes. A segunda conjuntura, foi um desafio que a escola municipal São João nos deu em 2019. A escola havia trabalhado com esta obra no projeto daquele ano e nos desafiou a construir uma contação de história deste clássico para o encerramento do ano letivo da turma do EJA. A história aponta para um menino loiro, que veio de outro planeta, mas o que o continente africano significou aos europeus colonialistas , por séculos, que não um território desconhecido a ser explorado? Como é um outro planeta a ser conhecido? Esta foi a fagulha criativa. Acreditamos que uma nova leitura seria necessária. ”, explica.

A narrativa do livro envolve o leitor em uma aventura onde o Pequeno Príncipe, diversidade da fauna e flora, a cultura e os encantos do continente Africano, além e as lições valiosas sobre amizade e compreensão ganham vida de uma maneira única e inspiradora. De acordo com os autores, o processo criativo do livro começou a partir de uma peça teatral sobre a obra desenvolvida para a Feira do Livro da FURG de 2019.  “Fizemos uma encenação teatral da obra, mas ali já havíamos começado a adaptação. Na ocasião, nosso afilhado, o Bernardo, a quem dedicamos a primeira edição do livro, fez o papel do príncipe e nos inspirou demais. Um menino de personalidade marcante, lindo e que de diferentes maneiras sofre com o racismo e luta contra ele cotidianamente. Boa parte do que estava naquela encenação nasceu no livro, pois ali encontramos mais uma forma de somar nas trincheiras da luta antirracista.”, destaca Adriana.

Após o sucesso de vendas da primeira edição, em 2022, os autores ficaram motivados em dar continuidade a história. Dessa forma, neste ano, foi lançada a segunda  de O Pequeno Príncipe - Uma História na África. Para a autora, além da continuidade da narrativa, outro diferencial da segunda edição está nas novas ilustrações. 

“Acho que na questão anterior abordamos alguns pontos. Todavia, em todas as histórias que criamos, começamos pela versão oral, na forma de contação. Desta experiência vamos aprimorando as histórias, coletando aspectos importantes através da interação com o público e das críticas recebidas. E, assim, as histórias vão nascendo. Para a segunda o diferencial está nas novas ilustrações do Alisson Affonso. O livro conta também com novo formato e editoração, tudo carinhosamente pensado pelo editor Sandro Mendes, da editora Yaguaru”, comenta.

Ilustrações de O Pequeno Príncipe - Uma História na África 

As duas edições de O Pequeno Príncipe - Uma História na África, contam com as ilustrações do artista Alisson Affonso. Segundo os escritores, as ilustrações de Alisson carregam a essência da história, tornando uma união perfeita entre texto e imagem.

Para o artista, o envolvimento com o projeto do livro está sendo intenso e a realização de um sonho profissional.  “Um ilustrador sempre nutre um sonho de ilustrar um clássico,  mesmo sabendo do desafio da adaptação do livro,  vi que era o momento de nutrir este projeto de cores, meu envolvimento intenso acabou então tendo uma grande compatibilidade com os anseios dos autores”, destaca Alisson.

Além de desenvolver as ilustrações, o ilustrador também está fazendo participações em diversos eventos para divulgar e compartilhar como foi seu processo criativo para o desenvolvimento da obra.  “Está sendo muito intenso mergulhar no carinho dos leitores e abraçar os projetos que o livro vem gerando,  que incluem participações em feiras, visitas intensas em escolas públicas e particulares,  exposições,  bate-papos e produção de outros materiais e mídias. É inegável que o Clássico fascina leitores de todas as idades,  porém são as crianças que estão dando o feedback massivo, muitas vezes querem saber algo além do que está escrito nos textos verbais e não verbais também”, ressalta Alisson Affonso. 

A expectativa dos autores é que nesta nova edição o público possa se encantar, refletir e aprender sobre a luta antirracista e a importância a representatividade através do personagem. “Esperamos que o público encontre todo afeto e trabalho que dedicamos a esta obra. É uma releitura que mantém elementos e valores centrais da obra original. Porém, apresenta um pouco da riqueza da história do continente africano através do que aquele pequeno  e forte menino conta ao piloto. O processo de expropriação colonial da África está no centro. Enfim, é, portanto, uma outra história. E, esperamos que, para além do entretenimento, a obra traga reflexão e representatividade através de um personagem preto”, finaliza Adriana. 

As duas edições de O Pequeno Príncipe - Uma História na África podem ser adquiridas diretamente com os autores, com a editora Yaguaru e nas livrarias da cidade. O livro está disponível na livraria Hippocampus, Albuquerque e Vanguarda.