E o monumento à Raphael Pinto Bandeira?

Estátua equestre está esquecida no atelier do saudoso Erico Gobbi

No século passado Rio Grande ostentava, com orgulho, o título de Cidade dos Monumentos. E não era para menos, porque além da quantidade havia muita qualidade nas obras aqui realizadas, como os maravilhosos monumentos ao Brigadeiro José da Silva Paes, o nosso fundador, ou o monumento-túmulo do General Bento Gonçalves, líder da Revolução Farroupilha.

Um dos nossos grandes escultores foi Matteo Tonietti, responsável por obras como a dos meninos no lado da praça Xavier Ferreira e o monumento`{a Mãe, também naquele logradouro, frente à Câmara de Comércio.

Tonietti teve um aluno que trabalhou junto com ele e que por muitos anos conviveu com nossa comunidade. Refiro-me ao escultor Erico Gobbi, que faleceu em 2009. O artista riograndino chegou a ser reconhecido internacionalmente, tendo empreendido viagens à Europa.

Gobbi deixou mais de uma centena de esculturas. Um de seus principais trabalhos, e que o destacou na comunidade, foi a estátua de Iemanjá, situada na praia do Cassino e muito procurada por fiéis da Umbanda e religiões afro. Na praça Tamandaré encontra-se a estátua de Jesus Cristo e na Ilha dos Marinheiros encontra-se a estátua de Nossa Senhora de Lourdes e da Santa Bernadeth.

Escultura qualquer um pode tentar fazer, mas trabalho de excelência poucos conseguem. Podemos pegar como exemplos duas estátuas feitas para homenagear ídolos do futebol, em Porto Alegre: Fernandão, do Inter, e Renato, do Grêmio. Nenhuma delas conseguiu retratar fielmente os homenageados.

Érico Gobbi era um escultor clássico acadêmico e sua biografia está no Wikipédia. O artista merece uma homenagem da comunidade à altura do seu trabalho e, lamentavelmente, aquela que deve ser a maior obra deixada pelo artista, encontra-se até hoje à espera do bronze e do transporte para alguma praça pública. Estamos nos referindo ao monumento em homenagem a Raphael Pinto Bandeira, herói da retomada de nosso município do domínio espanhol, em 1776.

O monumento equestre foi encomendado pela Prefeitura nos anos de 1970, possui cerca de três metros de altura e encontra-se no atelier de Gobbi. Pelo que sabemos, a intenção era de colocá-lo na praça Dr. Pio, frente à Catedral de São Pedro.  

Hoje o atelier do artista encontra-se fechado. Ao que consta, Gobbi e o Executivo nunca chegaram a um acordo quanto ao pagamento pela obra. O Governo do Município deveria fazer esforço no sentido de resgatar essa grande obra de arte, pois não tem cabimento que ela fique esquecida, depois de todo o trabalho realizado. E além de homenagearmos Raphael Pinto Bandeira, estaremos prestando a homenagem que Gobbi tanto fez por merecer.

Com a palavra o secretário da Cultura e o prefeito municipal.

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