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Rio Grande,12/07/2025

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Elis Radmann

A vida perfeita do feed e a frustração silenciosa da juventude

O ponto de reflexão é que esse novo mundo, onde tudo é postado, comentado e curtido, faz com que adolescentes e jovens olhem para essa realidade com desejo e expectativa.

 

As redes sociais nos propiciam o acompanhamento quase íntimo da vida das pessoas. Tem gente que compartilha a viagem que está fazendo, o restaurante novo que conheceu, a compra da casa ou do carro e, principalmente, as conquistas do dia a dia como a formatura, a nova posição de trabalho, a mudança de cidade ou até aquela vitória pessoal que só ela sabe o quanto custou. Claro que não é a maioria que expõe demais sua vida pessoal, mas também não faltam exemplos de quem faz da exposição um estilo de vida. E não há mal nenhum nisso! 

O ponto de reflexão é que esse novo mundo, onde tudo é postado, comentado e curtido, faz com que adolescentes e jovens olhem para essa realidade com desejo e expectativa. A percepção formada nas telas cria a ilusão de que todos vivem bem, viajam muito, conquistam tudo cedo e são plenamente realizados. É como se o feed fosse uma vitrine onde todos exibem uma vida perfeita, e quem está do outro lado, consumindo essa vitrine, esquece que ela vem com filtros. 

Muitos jovens acabam perdendo o filtro na hora de interpretar o que veem. Não são seletivos na análise da realidade que aparece diante deles e, aos poucos, constroem uma imagem distorcida do mundo. As pesquisas qualitativas realizadas pelo IPO - Instituto Pesquisas de Opinião, mostram que a ansiedade crescente entre os jovens é alimentada por essa comparação constante com padrões de vida que parecem altos demais, muitas vezes inatingíveis. A pressão invisível de ter que acompanhar conquistas alheias gera frustração e um sentimento de incapacidade. Alguns chegam a se culpar: acham que não fazem nada certo, que não progridem, que não conseguem ter, fazer ou mostrar o que os outros exibem com tanta naturalidade nas redes. 

Esse sentimento poderia até ser classificado como inveja, mas é mais profundo que isso. Trata-se de uma insatisfação internalizada, uma cobrança silenciosa que vem de dentro e que, muitas vezes, ninguém percebe. A geração Z e a geração Alfa nascem e vivem com uma vitrine virtual que as acompanha desde cedo, na sala de aula, no transporte público, nas madrugadas insones, nos momentos de privacidade. É um estímulo contínuo ao cérebro, que traz muitas metas, alimenta muitos sonhos e potencializa a fragilidade emocional, essa que é natural ao ser humano, mas muito mais latente nos primeiros anos da vida adulta. 

A exposição constante cria uma espécie de urgência por conquistas. Urgência que, somada à falta de paciência típica da juventude, vira combustível para uma ansiedade que não é saudável. É preciso reconhecer que, por trás das fotos bem editadas e dos vídeos bem produzidos, existe uma vida com desafios, momentos difíceis e fracassos que raramente são compartilhados. 

Por isso, mais do que julgar ou criticar o comportamento online, precisamos entender o impacto silencioso que essa vitrine digital tem sobre quem está em processo de formação. Conversar sobre isso, criar espaços seguros de escuta e refletir sobre o que realmente importa pode ser a chave para fortalecer os jovens nessa travessia cheia de estímulos e comparações. 

  



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