Comunidade pelotense realiza mobilização contra tentativa de despejo do Kilombo Urbano Canto de Conexão
Na última semana, a 2ª Vara Cível da Comarca de Pelotas emitiu um mandado de reintegração de posse movido por terceiros que alegam ter adquirido o imóvel

Desde segunda-feira, 15, movimentos sociais e demais atores da comunidade pelotense estão em mobilização em defesa da ocupação do Kilombo Urbano Canto de Conexão, localizado no bairro Porto, em Pelotas.
A mobilização acontece após a 2ª Vara Cível da Comarca de Pelotas ter emitido, na última semana, um mandado de reintegração de posse movido por terceiros que alegam ter adquirido o imóvel
O prédio localizado na esquina das ruas Benjamin Constant e Álvaro Chaves pertencia à Marinha Brasileira, até meados dos anos 1990 e, ainda hoje, consta vinculado à Capitania dos Portos em documentos oficiais, como certidões e contas. O pedido de reintegração de posse, no entanto, foi movido por terceiros que alegam ter adquirido o imóvel, que passa por um imbróglio jurídico. Antes de ser ocupado por um grupo de estudantes em 2017, o prédio ficou por mais de uma década em estado de total abandono.
Na segunda-feira, 15, após o chamado nas redes sociais, a Ocupação contou com o apoio de diversos coletivos, comunidade universitária e entidades sociais de Pelotas, que se mobilizaram em vigília em frente ao prédio. No mesmo dia, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) recebeu representantes do Kilombo Urbano e a vereadora Fernanda Miranda (PSOL), que solicitou a agenda.
Durante a reunião, a prefeita Paula Mascarenhas comentou sobre a relevância do trabalho desenvolvimento no local. "O trabalho desenvolvido lá tem um profundo alcance social, é novo e transformador e a gente vai se mobilizar para tentar ajudar, porque não podemos nos conformar em perder aquele espaço de arte, de cultura, de acolhimento, de assistência social, extremamente necessário para a nossa cidade", comentou Paula.
Os membros do Canto de Conexão, diante do trânsito em julgado que pede a reintegração de posse para o dito proprietário, estão solicitando a desapropriação da área e argumentam que o passivo tributário acumulado com o Município deve ser reconhecido como parte da função social do imóvel. Uma comissão com advogados apoiadores da causa foi formada para elaborar a peça para a desapropriação do imóvel.
No espaço, dezenas de famílias em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar são atendidas. O prédio também funciona como casa de passagem para estudantes universitários, imigrantes, mulheres e crianças em situações de violências e acolhe uma biblioteca gratuita e projetos de educação popular, como cursinhos de alfabetização, reforço e pré-Encceja.
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