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Rio Grande,27/07/2024

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Ique de la Rocha

Um pouco de tranquilidade

Recuo da água gera otimismo de que a catástrofe climática possa estar perto do fim.


Um pouco de tranquilidade

Os boletins meteorológicos para esta terça e quarta-feira nos informam que as temidas cheias previstas para esses dias não se confirmarão. Como se recorda, o anúncio era de que neste início de semana as cheias aconteceriam com mais intensidade, mas os ventos estão ao nosso favor, as águas recuaram e, de momento, escoam em boa velocidade pelos Molhes da Barra.

Ainda teremos chuvas, momentos de elevação das águas, mas vamos torcer para que a tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul possa estar chegando ao seu final.  

Claro que ainda levará vários dias até nosso RS voltar à normalidade, mas é preciso que tudo passe para que se comece a apurar os prejuízos de forma mais precisa. Neste aspecto, não dá para ser muito otimista. Provavelmente as perdas serão muito maiores do que o levantado até o momento. Passado o dilúvio, teremos a verdadeira extensão dessa infelicidade toda que se abateu sobre nosso estado.


Medidas precisam ser tomadas

Já faz algum tempo que considero importante as nossas autoridades, nas três esferas (municipal, estadual e federal), criarem órgãos específicos (secretarias, ministérios...) para tratarem das moradias existentes em áreas de riscos. Não dá mais para permitir construções, loteamentos próximo às águas, quando se sabe que o nível do mar está subindo. Nem nas encostas dos morros, devido aos fortes temporais provocados pelas mudanças climáticas, que causam constantes deslizamentos. Também tem que se começar a remover as casas em locais de risco para zonas mais seguras.

São medidas que podem custar caro, e até mesmo serem impopulares para alguns moradores, mas o prejuízo será maior se tudo continuar como está, pois a extensão de danos de uma tragédia como esta, os custos para resgates de pessoas e da reconstrução, sempre será muito maior. Sem falar nas vídas que se perdem, sempre o pior a lamentar, e as pessoas que, de uma hora para outra, veem seus negócios ou o seu próprio emprego irem embora.

É fundamental que as autoridades e também a sociedade escutem a ciência. Nós, aqui no Sul, precisamos, inclusive, saber se esta catástrofe foi um fenômeno isolado ou se será o nosso novo normal, uma vez que no ano passado aconteceu na região de Roca Sales e Lajeado quase na mesma intensidade.


RS sofre consequências

O vice-pró-reitor de Pesquisa da UFRGS e vice-presidente do Scientific Committee on Antartcic Research (Scar), Jefferson Cardia Simões, é especialista em questões relacionadas à Antártida e, em abril último, concedeu uma interessante entrevista ao Portal GZH sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil. Na ocasião, disse que nosso estado será o mais atingido por essas transformações. A entrevista foi repercutida recentemente no site Coluna Financeira.

Um dos principais pontos de alerta, segundo ele, é o risco iminente de diminuição das frentes frias provenientes da Antártida, devido ao aquecimento dos oceanos. Essa situação pode desencadear significativas mudanças climáticas no país, afetando diretamente o estado gaúcho. Além disso, destacou o aumento do nível do mar como outro fator preocupante. Com consequências diretas para a costa brasileira, o Rio Grande do Sul enfrenta desafios iminentes, como estiagens frequentes e a redução das frentes frias, já evidentes.

O especialista enfatizou ainda o atraso nos estudos relacionados ao clima, ao aumento do nível do mar e especificamente à Antártida no estado. Alertou para a urgência de políticas públicas e investimentos voltados para a compreensão e mitigação desses impactos.

Projeções apontam para um aumento do nível do mar de até 1,20 metros nos próximos 80 anos, o que terá sérias consequências para o urbanismo litorâneo do Rio Grande do Sul. Ainda conforme Simões, adaptações serão necessárias não apenas no aspecto infraestrutural, mas também nas práticas agrícolas, com mudanças nos cultivares devido à alteração das temperaturas.

Para o cientista, as gerações futuras enfrentarão um Rio Grande do Sul mais quente, com distribuição de precipitação diferenciada. Ele entende que é necessário agir agora para mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável.


Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com



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