Elis Radmann

A reconstrução e a resiliência das marcas gaúchas
Os dados revelam um crescimento significativo na lembrança e na preferência por marcas locais entre os líderes.
A reconstruçãoe a resiliência das marcas gaúchas
Nesta semana, o IPO –Instituto Pesquisas de Opinião divulgou os resultados da pesquisa Marcas deQuem Decide, que avalia a reputação das marcas por meio de dois indicadoresessenciais: lembrança, associada à popularidade, e preferência,fundamentada na relação que as marcas estabelecem com seus públicos e naexperiência oferecida.
A lembrança demarca ocorre quando o consumidor ou líder recorda espontaneamente uma marca,sem qualquer indução. Isso demonstra um forte recall da marca, fruto deestratégias como propaganda, redes de relacionamento ou até mesmo pelamobilização espontânea da sociedade. Já a preferência reflete um vínculomais significativo entre consumidor e marca, podendo surgir de um desejopessoal ou de uma expectativa. Em alguns casos, está ligada à tendências emodismos, transformando o produto em uma necessidade emocional ou impulsiva.Para os líderes, contudo, a preferência tende a ser mais racional, baseada nafuncionalidade, utilidade e nos atributos do produto ou serviço, consolidadapela experiência e pela jornada de consumo.
Os resultados destaedição, no entanto, vão além da análise habitual de lembrança e preferência. Apesquisa de 2025 pode ser considerada icônica, pois retrata a força e acapacidade de reinvenção das marcas gaúchas após a devastadora tragédia de maiode 2024. Uma catástrofe que ceifou vidas, separou famílias, destruiu lares,empresas e cidades. A força das águas levou bens materiais, documentos, sonhose memórias, deixando marcas profundas.
Apesar disso, os dadosrevelam um crescimento significativo na lembrança e na preferência por marcaslocais entre os líderes. Esse fenômeno transcendeu estratégias de mercadotradicionais, sendo impulsionado pela crença, reconhecimento e gratidão.Tal crescimento está diretamente ligado às campanhas espontâneas queincentivaram o consumo de marcas locais e, principalmente, ao papel ativo dasmarcas durante a tragédia. Empresas demonstraram resiliência e perseverança aoreconstruírem seus negócios, apoiarem seus colaboradores e cidades, e lideraremmovimentos solidários. Esse esforço coletivo reverberou em todo o estado.
Muitas marcas sedestacaram pela mobilização, doação de produtos e suporte às comunidadesafetadas. Mesmo impactadas, essas empresas mantiveram investimentos empublicidade e propaganda, reafirmando a força das marcas gaúchas. Comodiz o ditado: "a propaganda é a alma do negócio" – e ganha ainda maispoder quando nasce de movimentos naturais de voluntariado, união e superação.
Não apenas isso, essasmarcas têm sido protagonistas de iniciativas e políticas sustentáveis,comprometidas em liderar um consumo mais consciente e mitigar os efeitos danatureza, cada vez mais severos.
A pesquisa, realizada em2025, ouviu as principais lideranças do Rio Grande do Sul, totalizando 400entrevistas distribuídas por 47 cidades do Estado. Os resultados demonstram umimpacto expressivo na percepção das marcas locais: enquanto a média de marcascitadas em 2024 foi de 4.000, a versão pós-tragédia registrou 4.917 marcasmencionadas na lembrança e 4.360 na preferência.
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