Num feliz 26 de janeiro, foste criado

                       Ah, meu Balneário querido!

                       Tanto, tanto já te enalteci!

                        Tanto, tanto já falei dos teus feitos! Tanto, tanto  já  te    parabenizei pelo teu aniversário, afinal já  completas 132 anos !

                          Tuas águas banham as lagoas. Teu mar límpido, banham as pessoas que acorrem a tuas águas.

                           Neste 31 de dezembro, data de iniciares no dia seguinte, um novo ciclo de existência, foi deveras diferente de anos anteriores, em relação aos fogos, que  tanto  gostamos  de  ver brilhando no firmamento, anunciando a chegada do novo ano, no mesmo ângulo dos majestosos pôr de sóis. 

                          O incrível, é  que  nem por isso, as pessoas por considerar a  tua grandeza e importância, não deixaram de comparecer para pular as sete ondinhas, prática em homenagem aos Orixás, tendo Iemanjá como a Rainha das Águas. A tradição serve, para atrair a boa sorte e também deixar para trás o que não foi agradável e desejar coisas boas, para o novo tempo  que vai entrar.

                         Tradição, baseada na crença de quem a tem ou apoiada quem sabe, na antiga mitologia grega, povoada de seres reais e imaginários, que de alguma forma se revelam em nós. Atlas por exemplo, sustenta o mundo sobre seus ombros; Medusa segura para si, as dores da humanidade, Perséfone, transita entre a luz e as trevas.

                 Quem não encontra dentro de si, Górgonas, Hércules, Perseus, Afrodites, Panaceias, o desconfiado Prometeu, que vê tudo antes e o arisco Epimeteu, que vê depois, antecipando para sempre as coisas?

                 E assim pulamos ondinhas, na esperança do encontro da   mensagem  destes  seres que se crê e os  mitológicos, que buscam  em tuas águas, a magia do encontro e  tantos outros que  nos habitam, hora adormecidos, ora muito ativos, fazendo-nos remexer este caldeirão.

                 Bem sabes querida praia oceânica, que assim também   Pandora,                “inventada” por  Zeus, Prometeu e Epimeteu, a partir da discórdia entre eles e que  a ela,  foram concedidos os dons de encantar. Atena deu-lhe o sopro de vida, a deusa Afrodite a presenteou com a beleza, o deus Apolo concedeu-lhe uma voz suave e Hermes contribuiu com a persuasão.

                A referida mulher, recebeu uma  caixa, onde estavam desgraças e calamidades que  assolam até hoje a humanidade; dores, fome, angústias, rancor, inveja...  e que  são ditas como o castigo que Zeus destinou. Pandora não deveria abrir a caixa, mas a curiosidade investigativa, sobre querer saber o que havia lá dentro, superou o medo do desconhecido e num ato de coragem, abriu!

                Pandoras, mulheres e homens, também carregam suas caixas ou procuram onde depositar o seu conteúdo, daí o pular ondinhas.  Às vezes pequenas, outras vezes, caixas enormes. Algumas são coloridas, 

pintadinhas, com  disfarce da dor, outras caixas são quase um blindado.

                Oh, ilustre aniversariante! Ao ofereceres, uma riqueza inigualável; águas profundas, recebendo  navios  de grandes calados, que necessitam de grandes  profundidades, num  vai e vem fantástico, gigantesco avanço, gerando cifras ao mundo inteiro, recebes  Pandora, uma  turista ilustre, trazendo-te como presente uma caixa. Não   tem  laços , não tem fitas nem tem brilho no pacote, no entanto lá no fundo  da  ânfora, o maior presente que se pode receber! A esperança!

                 Ao abrir a caixa, para que todos os fantasmas  sumissem , a sedutora mulher, conseguiu prender em seu interior, a mola propulsora do viver, por séculos encerrada, para que se construa um mundo melhor.

                 A história fantástica  de Pandora, construída em longas eras, torna-se hoje, portanto, amado Balneário Cassino, nosso  desejo de vida longa, a ti. Desejos de parabéns, de muitas felicidades, apoiados  no  mito, que nos revela uma  lição de fé e confiança.

                                                                                             Sônia Azevedo