Historiadores enviam carta à FURG em apoio a cassação do título de Honoris Causa
Documento foi assinado por historiadores docentes da FURG, UFPEL e UFSM.
Na terça-feira, 22, historiadores e docentes da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) enviaram uma carta oficial à FURG, apoiando a decisão do Conselho Universitário (CONSUN) em razão da cassação dos títulos honoríficos de Doutor Honoris Causa concedidos aos militares Emiliano Garrastazu Médici, Maximiano da Fonseca e Golbery do Couto e Silva durante o período ditatorial.
A carta, assinada por 28 historiadores, foi enviada em virtude da repercussão negativa que a decisão causou em diversas entidades e figuras públicas, desde o dia 05 de abril, quando a aprovação do CONSUN foi divulgada.
No documento, os historiadores argumentam que a cassação dos títulos é uma forma de justiça aos brasileiros que sofreram durante a ditadura militar e que as figuras dos referidos militares contribuíram diretamente para as repressões realizadas durante este período. Ainda, a carta enfatiza a figura de Maximiano da Fonseca, ressaltando as ações do militar na cidade do Rio Grande durante o período ditatorial.
"Apesar da relevância histórica desses dois personagens acima relatados, a relação do Almirante Maximiano Eduardo da Silva Fonseca com a Cidade do Rio Grande merece destaque. Junto ao então Capitão de Mar e Guerra Mário Rodrigues da Costa, comandante da Capitania dos Portos na época do Golpe, Maximiano foi responsável pela preparação e execução dos primeiros atos repressivos em Rio Grande através da utilização do navio hidrográfico Canopus como prisão temporária. Sob os cuidados do Comandante Maximiano, o Canopus teve sua estadia prologada a fim de servir como cárcere ilegal para dezenas de lideranças do movimento operário, membros das forças armadas e políticos da região. Durante sua permanência no canal de Rio Grande, o Canopus impôs o emblema do medo ao conjunto da população rio-grandina, além de torturas física e psicológica aos que foram confinados em suas dependências", afirma o documento.
Confira a carta na íntegra:
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