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Rio Grande,20/04/2024

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Marisa Martins

Envolvente Abraço da Cordilheira

Abraço da Cordilheira dos Andes pode ser terno, envolvido em sol; sufocante, se nos envolve de nevascas.


Envolvente Abraço da Cordilheira


ENVOLVENTE ABRAÇO DA CORDILHEIRA

Marisa Martins

aloha.marisa@gmail.com

Foto: arquivo pessoal


Abraço da Cordilheira dos Andes pode ser terno, envolvido em sol; sufocante, se nos envolve de nevascas.



Apesar do sol, temperatura amena, sabendo já limpa rodovia que liga Mendoza à passagem andina para o Chile, coração amanheceu sobressaltado, no dia da primeira travessia da Cordilheira. Misto de expectativa e temor. Nevasca poderia se repetir.

Acampados, de motorhome, na cidade argentina, pelo fechamento da fronteira, por extensa nevasca, cinco dias passaram-se. 

Entre Mendoza e fronteira com o Chile percorrem-se cerca de 200 km. Até o início da subida passam-se por pequenas cidades argentinas: Godoy Cruz, Potrerillo, Upsallata.

Visão mágica dos Andes, aos poucos, se aproximando, multiplicando-se, crescendo. Enfim, o início da travessia. Primeiro, nas faldas, com verdes vales de Upsallata, lá embaixo. Rios de degelo correndo entre pedras e campinas. Depois, devagar, sem pressa, o grande e envolvente abraço, de mil braços, da Cordilheira.

Lenta, muito lenta, a subida. Escarpas ainda congeladas, túneis, cerros de nuas encostas, meios-fios de neve acumulada. O sol, dádiva, em travessia dos Andes, descortina cenário caleidoscópico.

Em refúgio da estrada, capela, em louvor à Santa Teresina de los Andes, acolhe pedidos de proteção aos viajantes. 

Mais adiante, no Parque Nacional de Aconcágua, Cementerio de los Andimuertos faz-nos lembrar histórias daqueles que tentaram vencer o Monte Aconcágua, e foram vencidos. Ao longe, olha soberano.

Lenta escalada não dá trégua. Horas passando. Parada para recompor forças. Tarde findando. O branco abraço, cada vez maior e mais envolvente.

Povoados enterrados nos nevados montes, Punta de Vacas, Puente Del Inca, Las Cuevas anunciam que Túnel Internacional Cristo Redentor, de 3900m, está próximo de ser transposto. Paso Los Libertadores, fronteira, aguarda.

Anoitecendo. Quase oito horas rodando. Passa-se de Mendoza, a 761m do nível do mar, para 3185m. Viajantes transandinos, zonzos, olharam-se, suspiraram profundamente, sorriram. E se abraçaram.

Envolvente abraço. O da vitória. Aceitaram o desafio do envolvente abraço, de mil braços, da Cordilheira. E o venceram...


P.S.: Todos aqueles que, neste mês de julho, enfrentaram nevascas na Cordilheira, sabem os porquês do temor e do abraço ao vencer os Andes. 




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Uma coisa é nascer lá ou perto de lá, outra coisa é ir para lá por vontade própria. Eu nunca escolheria como passeio.

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