Ique de la Rocha

O Esporte Clube Pelotas sempre foi uma das grandes forças do futebol da Zona Sul. Nos anos de 1970, 80 e 90 foi uma presença frequente na elite do futebol gaúcho. Neste século o áureo cerúleo pelotense enfrentou diversas crises e não conseguiu se manter em destaque. Quando subiu fez campanhas inexpressivas que determinaram sua queda para a Segunda Divisão.

Subir para o Gauchão não é fácil. São 20 clubes lutando por apenas duas vagas e no final vira um verdadeiro funil. Em nosso entendimento deveriam cair três clubes da primeira e subir três da segunda divisão, ao invés de apenas dois. Mas certamente quem está na Primeira Divisão não vai aceitar essa modificação, arriscando um rebaixamento, e quem faz o regulamento são os clubes.

Mas, para a Zona Sul, é importante a volta do Lobão. Ao menos temos futebol na região e Pelotas ainda é o maior centro futebolístico do interior do estado. Estará de volta o clássico Bra-Pel, bem como os grandes públicos e as grandes arrecadações nos estádios da Princesa do Sul.  

Estrutura forte

A torcida do Pelotas sofreu por muito tempo, vendo o Grêmio Esportivo Brasil figurando no Gauchão e também na Série B do Campeonato Brasileiro. Agora, o áureo cerúleo pode desfrutar dos mesmos sonhos do rival e até superar o Xavante.

O Pelotas parece que sobe para o Gauchão melhor estruturado. A torcida cresceu, o estádio tem capacidade para mais de 20 mil pessoas (falam em 23 mil) e o clube ainda tem um patrimônio valioso e uma receita expressiva só com os aluguéis das lojas e salas comerciais que existem no entorno da Boca de Lobo, um dos pontos mais valorizados de Pelotas, na av. Bento Gonçalves. Esperamos que consigam fazer um bom time e que não caiam novamente.     

Monsoon

O ouro clube que subiu para o Gauchão foi o Monsoon, criado por investidores há poucos anos, e que já vinha tentando subir para a elite. Os comentários são de que o clube pertence a um bilionário árabe e tem planos ambiciosos: eles querem se tornar a terceira força do futebol gaúcho. 

Só falta, agora, a decisão para ver quem será o Campeão da Segunda Divisão 2024, entre Pelotas x Monsoon. 

Quem fica na Segunda

Passo fundo e Inter SM caíram nas semi-finais, respectivamente, para Monsoon e Pelotas. Os dois clubes vem tentando subir há algum tempo. Por isso, a Segunda Divisão continuará forte e muito difícil para 2025. Além desses, o campeonato terá, entre outros, o 14 de Julho de Passo Fundo, mais o Guarany de Bagé, Esportivo de Bento Gonçalves, Lajeadense, Glória de Vacaria, Brasil de Farroupilha, Novo Hamburgo (rebaixado no Gauchão) e Santa Cruz (idem), que estão investindo para retornar à elite do futebol gaúcho. E só dois conseguem. Será novamente um bom campeonato.  

E os nossos clubes?

Os leitores podem estar estranhando que, como rio-grandino, estou saudando o retorno do Pelotas. Acontece que torço pelo futebol do interior, mas pode ser que esteja também influenciado pelo fato de três sobrinhos meus, minha irmã e cunhado, que moram em Pelotas, serem torcedores fieis do Lobão e no domingo à noite estavam eufóricos, aguardando a chegada da delegação para a comemoração na avenida Bento Gonçalves. 

Claro que, ao mesmo tempo em que registro a volta do Pelotas ao Gauchão, fico com uma pontinha de inveja, pois gostaríamos que Rio Grande também estivesse presente com ao menos um representante, que seria o São Paulo, o único dos nossos três clubes que tem pensado grande, digamos assim, enquanto o Rio Grande só pensa em manter a condição de clube mais antigo do futebol brasileiro e o FBC Rio-Grandense por muitos anos não existiu. O Guri Teimoso tem uma diretoria muito aguerrida, que luta para manter o clube em atividade. Quem sabe, com mais apoio, os colorados possam se dar ao direito de sonharem com uma ascensão à Segunda Divisão e, depois, para um salto maior ainda? Por enquanto não dá nem para sonhar, mas é um clube sem dívidas e com estádio. Ah, claro, e com torcida.

Primeiro, temos de retornar à Segunda Divisão

Pena que o São Paulo caiu tanto. Ninguém imaginaria que o Leão fosse acabar na terceira divisão. No pior dos sonhos estava a Segundona. Um grande problema é a dívida do clube, de muitos anos, que impede a diretoria até de pagar a luz e quando tem algum grande jogo a renda é penhorada, situação que deve perdurar. Necessitaria de uma grande reformulação e contar com o apoio do torcedor para poder voltar a sonhar. Se conseguir o retorno para a Segunda Divisão neste ano já será um grande passo.

Futebol e economia andam juntos

O futebol está diretamente ligado à situação econômica da cidade. Quando o São Paulo subiu para o Gauchão, Rio Grande estava vivendo o surgimento do Polo Naval. Agora, infelizmente, não vivemos um bom momento. 

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