SILÊNCIO ENSURDECEDOR 

Passo horas caminhando no mato, acompanhado, às vezes, do silêncio,  às vezes, do ruído dos galhos das árvores batendo uns nos outros, remetendo uma harmonia maravilhosa com o cantar dos passarinhos e, não muito raro, o correr de alguma lebre assustada, o relincho dos potrancos  procurando as mães 

O vento, atirando meus escassos cabelos grisalhos para trás, faz com que , frequentemente, pisque os olhos para que consiga enxergar mais longe. Sigo sozinho, não tão sozinho, pois me acompanham meus pensamentos, devaneios e até, por que não, algum tipo de diálogo comigo mesmo, ou mais precisamente, um monólogo, pois pergunto e eu mesmo respondo, às vezes , concordo comigo, outras vezes , não. 

Não seria agora o momento de avaliar a minha vida?  Será que eu não posso ser melhor do que sou? Será que não erraria menos? Talvez sim, se fizesse menos, e valeria a pena? 

A vida consiste em acertos e erros, se acertos, parabéns para mim, pois devo correr sempre em busca do acerto, e erros? Bem, esses são os nossos guias, nossos mestres, nossos  professores... De cada erro, devemos buscar acertos, os erros servem para alertar que podemos ser melhores e não mais repeti-los. 

Que maravilha quando nos damos conta que estamos  aprendendo e que aprenderemos sempre, desde que sejamos inteligentes e humildes  para reconhecer que errar é humano, mas quando erramos tentando acertar, quando erramos  sabendo  que íamos errar, é burrice, é insensatez. 

Estou chegando em casa. O mato,  o ruído das árvores, o canto dos passarinhos , a disparada das lebres e o encontro dos potrancos com as mães,  ficaram para trás, quem sabe, amanhã voltarei a ouvir este maravilhoso silêncio ensurdecedor. 

João José Reinbrecht Braga 

Professor Maninho 

Cadeira 34- ARLetras