Ique de la Rocha
Hidrovia e concorrência entre portos
Rio Grande está preparado para a possibilidade de novos projetos na região?
Ique de la Rocha
No início da noite desta última terça-feira, um senador do Tocantins foi à tribuna do Senado para comemorar os investimentos que o Governo Federal irá fazer na chamada Bacia do Arcoverde, naquele estado, para exploração da hidrovia. Com isso, a soja produzida na região centro-oeste do país será escoada pelo rio Tocantins, que nasce no norte de Goiás, passa por Tocantins, Maranhão até o Pará, ficando a poucos quilômetros de um porto paraense. Ou seja, os grãos do centro-oeste não irão mais para Santos ou Paranaguá. Estima-se que 40 milhões de toneladas de soja passarão a ser levadas por hidrovia, barateando em muito o custo do transporte.
Enquanto no centro-oeste e norte do país a hidrovia é motivo de entusiasmo, o Rio Grande do Sul foi presenteado pela natureza pelos vários rios que cortam o estado, mas a incompetência é grande. Como consequência, quase nenhum proveito é tirado desse modal de transporte, o que compromete o desenvolvimento do Rio Grande do Sul.
Já o nosso Tecon possui o terminal Santa Clara, no Polo Petroquímico de Triunfo, com a finalidade de trazer cargas até Rio Grande pela Lagoa dos Patos.
Chineses estão investindo
E sobre porto, o presidente chinês, Xi Jimping, deverá inaugurar em novembro próximo um porto construído por uma empresa chinesa na cidade peruana de Chancay, situada a 70 quilômetros da capital Lima. O investimento é de US$ 1,3 bilhão.
A informação é do jornal O Estado de S.Paulo, que reproduziu uma interessante matéria da revista The Economist, onde aborda a expansão da presença da China na América Latina. Diz a matéria: “Ainda que os Estados Unidos permaneçam o maior parceiro comercial da região como um todo, a China supera o Tio Sam em parcerias comerciais com Brasil. Chile, Perú e outros países. A presença do gigante asiático não é apenas econômica. Seus embaixadores são profundamente versados a respeito da América Latina e falam bem espanhol e português”.
Mais adiante diz: “O governo de centro-direita do Uruguai está negociando um acordo com a China após seus pedidos por um pacto com os EUA terem sido rejeitados”. O que isso tem a ver com a gente aqui no extremo sul do Brasil?
É que o Uruguai sonha em ter um porto de águas profundas, que receberia cargas também da Argentina, Chile, quem sabe do Paraguai e do sul do Brasil. Se já estamos preocupados com a concorrência do porto em Arroio do Sal, soubemos por um especialista em questões portuárias que um porto no Uruguai com essa dimensão seria um concorrente imbatível. E o que os uruguaios desejam da China é justamente o financiamento para essa obra. Já os chineses teriam interesse em utilizar esse porto para aumentar sua influência e, ainda, a entrada de seus produtos no continente.
Contatos com a coluna pelo email: iquedelarocha@gmail.com
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