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Rio Grande,18/05/2024

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Samuel Ferreira

Sankofa: o pássaro que olha para trás

A forma como olhamos para o que já passou diz muito sobre nós e principalmente da maneira como tratamos o presente.


Sankofa: o pássaro que olha para trás

Sankofa: o pássaro que olha para trás 


O nosso tempo está sempre em transformação, o tempo não é algo estático. Se pararmos para pensar, o tempo está sempre em movimentação, e de certa forma, até mesmo o passado está em movimento e em ressignificação. O passado é uma experiência do agora também, e o mesmo pode e deve ser revisitado e também recontado. 


A forma como olhamos para o que já passou diz muito sobre nós e principalmente da maneira como tratamos o presente. 


Não podemos e nem devemos olhar para o passado como algo mítico. Devemos tentar voltar lá, olhar , olhar novamente , refletir ... Sempre tem algo naquela pilha de fatos que poderá nos ajudar a remontar o agora e quem sabe, o futuro também. 


Nosso grande oponente contra o tempo, é um "vento" que sopra forte e nos empurra sempre para frente, pedindo "progresso", pedindo "novidade" e que nos rouba a verdadeira felicidade e experiência do agora . O agora, sempre tem muito para nos mostrar também. O problema é que temos muitas telas, muitas mensagens para responder , muito entretenimento e isso, nos rouba de nós mesmos e das nossas próprias experiências do agora .


Quando percebemos, fomos empurrados para frente. Sem dó .


Existe um ideograma africano que se chama Sankofa, é representado por um pássaro que carrega o ovo no bico, mas ele sempre olha para trás . Nesse ideograma milenar carregado de significados e simbologias o que nos chama mais a atenção é a necessidade de olharmos para trás , de olharmos para o passado. Olhar para o passado de forma crítica e de forma consciente é fundamental para sabermos de onde viemos, quem somos e para decidirmos para onde queremos ir, seja no campo individual ou coletivo. 


É tão verdade que, o ovo que esse pássaro carrega no bico é o futuro , o futuro dele e dos demais, é a sua continuidade em um mundo que é gigante, mas que é necessário muita consciência e responsabilidade. 


Nós, somos filhos de uma cultura judaica que tratamos o passado como algo mítico e intocável. Nas histórias que compõem os livros sagrados que guiam a nossa cultura , há uma punição severa para quem olha para trás. O olhar para trás transforma homens e mulheres em estátuas de sal. Talvez seja por isso , que andamos com tanta pressa para frente , sem parar , sem descansar com a bandeira do "progresso" nas mãos , em riste ! Estamos com medo de virar estátuas de sal...


Entretanto, em Sankofa , percebo a necessidade de olharmos para trás e principalmente de entender quem somos , de onde viemos e para onde queremos ir.


 Sankofa é a priorização de nós mesmos , como espécie, como humanos que precisam e necessitam parar de sobreviver  diariamente e começar a viver, de uma outra forma , com outras relações e outras necessidades , não as que escolheram para nós , mas as que realmente escolhemos para nós.



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