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Rio Grande,24/04/2024

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Marisa Martins

Pescadores do Luar

“Se Deus quiser quando eu voltar do mar Um peixe bom eu vou trazer...” Dorival Caymmi


Pescadores do Luar

PESCADORES DO LUAR 

Marisa Martins

aloha.marisah@gmail.com

Foto: arquivo pessoal


“Se Deus quiser quando eu voltar do mar

Um peixe bom eu vou trazer...” 

Dorival Caymmi 


Não compreendia pescadores saírem à noite, ou de madrugada, para o mar.

Via com romantismo esses homens dormindo nos barcos, enfrentando tempestades, raios, ondas bravias, na escuridão. Lastimava quando voltavam para terra sem peixes.

A romantização da atividade pesqueira nasceu nas leituras de “O homem e o Mar” de Hemingway, dos romances de Jorge Amado. Acentuou-se com os filmes Mar em Fúria e Amor impossível. 

– O pescador – de Vinícius de Moraes, carimbou-me o imaginário, com redes, peixes, luares.


“Ah, tua vida tem casos, pescador, tem casos

E tu me dás caso de tua vida, pescador

Tu vês no escuro, pescador

Tu sabes o nome dos ventos

Porque ficas tanto tempo olhando o céu sem luar?

Vai, vai, pescador, filho do vento, irmão da aurora”


Encontrei pescadores, filhos do vento, irmãos da aurora, pelas águas do Rio Taquari, do Jacuí, da Laguna dos Patos, pelos molhes do Rio Grande, de São José do Norte. No Rio, Espírito Santo, por todo o Nordeste, em Punta del Diablo, no Uruguai, lá estavam cênicas canoas com criativos nomes.

Há pouco, os descobri em Santa Catarina. São Francisco do Sul, Laguna, Garopaba. 

Em enseada, encontro próximo, ao entardecer. Preparando canoas, preparando redes, para “ouvir o canto misterioso das águas no firmamento”.

Ali soube que saíam à noite ou início da madrugada, pois peixes vêm à superfície em busca de alimentos. Também porque  vento sopra, em geral, da terra ao mar, impulsionando barcos. Voltam de dia, com vento do mar à terra.  

São fenômenos que esfriamento e aquecimento de águas e terra explicam. Explicações físicas, contudo, não alteram colorida beleza do cenário, não dissolvem fantasias da íntima relação homem, barco, águas.

Em silêncio, falo com o olhar: 


“Ah, pescador, que milagre maior que tua pescaria! Quando lanças tua rede, lanças teu coração com ela, pescador”.

Vão, vão, pescadores do luar...

P.S.: Muitos barcos abrigam-se, na orla, em garagens construídas sob as casas dos pescadores.

   

    




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Interessante olhar. Cada atividade tem sua peculiaridade.

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