ASSIM  COMEÇA O DIA 

            O Sol começa a clarear o céu e, de mansinho , vai chegando, substituindo parte do azul , pela cor avermelhada. Abrem-se as cortinas do dia,  junto com os nossos olhos, enxotando o sono, que foi despertado pelo cantar do galo, anunciando que é hora de acordar. Hora de quê? 

               Os enamorados soltarem as mãos, agradecerem à Lua, a luz e o brilho tão acolhedores que os acompanhou e, cada um, voltando aos lares. Os amantes apaixonados se desabraçarem e, olho no olho,declararem amor eterno. 

               O Sol segue aparecendo, cada vez mais, no longínquo horizonte, vindo apagar, por pouco tempo, os leves traços deixados por uma noite que se foi. 

               Abrimos uma fresta na janela e deparamos com as cadelas, pedindo, com o olhar, os biscoitos que , costumeiramente, ganham.  Avisam que na noite que se foi, cumpriram fielmente o seu papel, que é de avisar se algo estranho acontecesse. Ouvimos o gorjear dos passarinhos que voam alegremente, saudando o dia que chegou, vacas mugindo, acordando seus filhotes e anunciando que é hora de mamar, éguas relinchando, chamando os potrancos para perto de si. 

               Saímos da janela entreaberta e vamos para a cozinha acender o fogão à lenha, portinha aberta e sobre a chapa, uma chaleira preta, de ferro,  na qual aqueceremos a água para o chimarrão, enquanto admiramos a labareda formada pela lenha. O cheirinho de fumaça misturado ao do café recém passado, rejuvenesce e nos faz agradecer tudo que temos:  paladar, para o chimarrão;  olfato ,para a lenha queimando e café passando;  visão, para admirar  o Sol, a natureza,  o fogo do fogão e, acima de tudo, o dia que está chegando;  a audição, para escutarmos o cantar do galo, o canto dos passarinhos, o mugido das vacas, o relincho dos cavalos e o latido das cadelas. 

               É mais um dia que chega para mostrar o quão bela é a vida e como vale a pena ser vivida. 

                                                                                                           João José Reinbrecht Braga 

                                                                                                                 Professor Maninho 

                                                                                                     Titular da Cadeira 34- ARLetras