Samuel Ferreira
Fim da nossa espécie ou início de uma imortalidade problemática?
Nas últimas décadas aceleramos cada vez mais na direção de 3 (três) principais aspectos que serão revolucionárias para nós de uma forma muito problemática.
Fim da nossa espécie ou início de uma imortalidade problemática?
Que me perdoem os historiadores e as historiadoras, mas vou me propor a fazer algo que não é do nosso metiê, do nosso tão tradicional ofício. Tentarei olhar rápido para o passado. E até aqui está tudo bem. O problema, é que tentarei olhar para o futuro. Rápido, mas olharei. Quebrarei as regras rígidas da História mas espero que não me chamem de futurologista. Historicamente, a nossa espécie Homo Sapiens Sapiens, faz parte de um gênero chamado homo, um grupo que englobou outras espécies anteriores a nossa como o Australopithecus, Homo Erectus, Homo Habilis e o Homo Neanderthalensis, só para citar algumas espécies expoentes do nosso processo evolutivo, até chegarmos na atualidade. Nós, os Homo Sapiens Sapiens é uma subespécie do Homo Sapiens que surgiu por volta de 350 e 200 mil anos atrás, no continente africano.
É bem provável que a nossa espécie em algum momento da história e em algum canto do Planeta Terra, conviveu com outras espécies de hominídeos e por algum motivo, somente a nossa espécie sobreviveu a essa convivência. Nos milhões de anos que se passaram desde o Australopithecus até nós, um longo processo aconteceu, e como não poderia ser diferente, passamos por algumas grandes transformações das quais destacamos a dita Revolução Cognitiva e a Revolução Agrícola importantíssimas para que pudéssemos chegar aonde estamos. Ou seja, essas transformações nos destacaram das demais espécies de hominídeos. A Revolução Cognitiva que aconteceu por volta de 70 mil anos atrás, fez surgir outras maneiras dos hominídeos pensar e organizar esses pensamentos, na medida que iam sistematizando outras formas de comunicação. A Revolução Agrícola, entre 13 e 12 mil anos atrás, foi o ápice das domesticação das plantas e dos animais, que permitiu a sedentarização das populações e a concentração e aumento populacional das mesmas.
De tempos em tempos parece que a humanidade chega em determinado limiar, em algum limite, como se chegasse na beira de algum penhasco existencial e nesse momento, temos que escolher se estagnamos na beirada desse penhasco ou se tentamos dar um salto, para que de alguma maneira, venhamos a alcançar o outro lado. Ambas ações e decisões estabelecem consequências poderosas em nossas vidas. Em que pese, dentro destas situações bifurcadas, as mesmas nos fazem com que pensemos e repensemos a nossa fragilidade perante a realidade ou a natureza, ao passo que, também pensemos em superação, na ideia de conseguir superar tais limitações.
Logicamente que, nos últimos séculos podemos apontar a Revolução Científica e a Revolução Industrial também como processos de transformações elaborados e construídos pelos homens e pelas mulheres de nossa espécie, como consequência do acúmulo de técnica e métodos desenvolvidos pela sociedade. Se por um lado nem todos da sociedade decidem e optam por tais transformações, por outro, todos sofrem as suas consequências. Como expressão máxima da modernidade, através da ciência e do desenvolvimento maquinário, modificamos a natureza, modificamos a sociedade, a economia e principalmente a nós mesmos. Na Modernidade, período em que tivemos inúmeros avanços tecnológicos optamos por um “Deus está morto” como bem destacou Nietzsche (1844 – 1900), que não era somente um ateísmo, mas uma opção total e sem volta pelo avanço racional e cientificista de nossa sociedade como um todo.
Nas últimas décadas aceleramos cada vez mais na direção de 3 (três) principais aspectos que serão revolucionárias para nós de uma forma muito problemática. A primeira delas é o colapso ecológico causado pelo aumento das temperaturas no Planeta Terra que está diretamente conectado aos altos níveis de liberação de dióxido de carbono na atmosfera desde o início da Revolução Industrial até hoje, onde esses níveis de poluição, contaminação e acidificação da terra, da água e do ar estão cada vez maiores, transformando toda a relação do metabolismo social em nosso Planeta.
A segunda, diz respeito aos milhares de armamentos nucleares espelhados pelo globo em posse das superpotências militares, países que desde a Segunda Guerra Mundial e Corrida Armamentista não optaram por ficarem atrás do Estados Unidos e produziram uma potente indústria bélica nuclear. Caso caminhemos para uma Guerra Nuclear, sabemos que boa parte da vida humana e não-humana poderá ser destruída.
Em terceiro temos as transformações que estão começando a ser realizadas em todos os setores pelo avanço da Inteligência Artificial , encantadora e sedutora quando olhamos de fora, mas que não sabemos exatamente o que vai ser e de que forma vai atuar, mas tendo em vista que vivemos em um contexto totalmente neoliberal , temos projeções nada otimistas quando pensamos a relação da mesma Inteligência Artificial com a nossa espécie no que diz respeito as relações sociais, de trabalho, econômicas e tantas outras.
Será que finalmente a espécie Homo Sapiens Sapiens terá o seu fim decretado? Será que seremos os únicos “ratos” que farão uso de milhares de anos de conhecimento para construir a sua própria “ratoeira”?
Ou será que durante o colapso ecológico, o aumento da temperatura na Terra, mudanças e eventos climáticos extremos juntos e após alguma Guerra Nuclear sobreviveremos alguns poucos ao lado de alguns seres híbridos com Inteligência Artificial de modo imortal em um Planeta Terra com um ecossistema totalmente modificado?
Não sei para vocês, mas para mim a nossa realidade está cada vez mais parecida com os livros de George Orwell , Ursula K. Le Guin e China Miéville.
Samuel Ferreira - Educador Popular, Ambientalista,
Podcaster, Escritor e Parrilleiro nas horas vagas.
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