André Zenobini
Patrimônio Histórico: Cassino dos Mestres e Porto Velho precisam ser preservados
O projeto de revitalização da área do Porto Histórico é de 1998, com o projeto Macadar. Até o momento, não foram obtidos os recursos necessários. FUNRIGS poderia ser a solução.
A preservação do patrimônio histórico é mais do que uma ação burocrática do setor público. Deve ser um compromisso com a identidade coletiva, com a memória afetiva e com o futuro das cidades. Em Rio Grande, dois exemplos emblemáticos ilustram uma urgência de preservação e há muitos anos aguardam os recursos que talvez nunca virão: o Cassino dos Mestres e o Porto Velho.
O Cassino dos Mestres, como O Litorâneo mostrou ontem em reportagem, é um imóvel histórico que guarda a lembrança de uma atividade industrial que foi muito importante para a cidade e para o Estado. Ao longo dos últimos anos, vemos o prédio deteriorar dia a após dia, enquanto os políticos de plantão usam a desculpa da falta de recursos. O prédio possui um projeto de restauração aprovado desde 2020. O orçamento inicial, que era de R$ 7,2 milhões, já saltou para mais de R$ 10 milhões em 2025. O município, que recebeu o prédio em 2009, ainda não conseguiu encontrar os recursos necessários. Em breve, nada daquilo restará e a história será de fato apagada.
Porto Velho e os recursos do FUNRIGS
Já o Porto Velho, estrutura portuária de importância estratégica e simbólica para a cidade, também aguarda há anos por revitalização. A obra é constantemente mencionada por moradores e lideranças locais como uma prioridade. O projeto Macadar, de 1998, começou a ser executado em partes e não há até o momento um grande esforço coletivo para sua verdadeira implantação. O motivo? A falta de recursos.
Só que, para o caso do Porto Velho, ou Porto Histórico, como rebatizou Lauro Barcellos, ele está num contexto portuário, às margens da Lagoa dos Patos. Entendo que poderia ser abarcado pelos recursos do Fundo do Plano Rio Grande, o Funrigs.
Vamos ver o que diz o plano estratégico para os mais de R$ 4 bilhões disponíveis:
"E, ainda, terá entre seus objetivos promover o desenvolvimento econômico-sustentável do Estado, por meio de investimentos estratégicos capazes de criar infraestrutura econômica e estimular o desenvolvimento de um ambiente propício ao fortalecimento e à implementação de cadeias produtivas, de forma a incentivar o aumento da produtividade da economia estadual, o desenvolvimento regional, o incentivo à inovação e à sustentabilidade, bem como o equilíbrio das contas para o enfrentamento da tragédia".
Bem, entendo que os cinco pavilhões do Porto Velho poderiam criar uma nova infraestrutura econômica para o local que é o marco zero do Rio Grande do Sul. Afinal, Rio Grande é a cidade berço do Estado e a atividade portuária, que permitiu a organização social, começou justamente por ali. Os pavilhões poderiam abrigar os museus Náutico e do Porto e ainda serem utilizados para diversos outros fins, como feiras, eventos, economia popular, cultura, entre outros.




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