CELULAR, AMIGO OU INIMIGO? 

João José Reinbrecht Braga 

Professor Maninho 

Titular da Cadeira 34-ARLetras 

Há tempos, nos encontrávamos nos lugares combinados, com os mais diversos objetivos. O momento do encontro era com apertos de mão, abraços, beijos, e todos os tipos de saudação, não havia desencontro. 

Saíamos em turmas para irmos ao cinema, independente do filme, o importante era a companhia, o reencontro. Após, íamos para os pontos de reunião do “povo”, como lanchonetes, barzinhos, ou até boates, onde reinava a alegria, as gargalhadas, as piadas e, muitas vezes, a diversidade das cores das luzes dos letreiros de gás neon. 

Carros e motos passando devagar e seus condutores, admirando o que acontecia, ou procurando estacionamento, que não era difícil e nem pago, para confraternizar. 

Domingos de manhã, novos encontros para, em pequenos grupos, ver as “gurias” passarem uma ou duas vezes , trocarem olhares e, quem sabe, exibirem roupas novas, que os “guris”, na maioria das vezes, nem notavam. 

Ah, Jovem Guarda, Tropicália, Bossa Nova,  Beatles, enfim , uma infinidade de músicas e ritmos, escolhidos para cada ocasião, o que interessava era o calor humano, a proximidade, o perfume exalado, a sintonia , enfim, tudo o que tornava a proximidade  maravilhosa. 

Depois, surgiu o celular e através dele,  são marcados os encontros virtuais. Os abraços tão calorosos , substituídos por abç, os beijos fraternais, passaram a ser bj, os filmes assistidos cada uma na sua casa e combinados por recados, os diálogos, na maioria das vezes, por whatsapp, sem que se escute as vozes ao natural, sem que se sinta o perfume, sem que haja interação entre as energias, sem que se demonstre a amizade ao vivo. 

Se quer um lanche, não precisa sair de casa, manda um whatsapp para a lanchonete, que eles entregam ; se quer compras para casa, manda a lista para o supermercado , que eles também te entregam; se queres qualquer outra coisa, compra pela internet, paga com cartão ou aplicativo do banco, que chegará em casa, enfim, o mundo será tão pequeno, que caberá em qualquer lugar, por menor que seja. 

No celular está a nossa vida, com todos os documentos , dados pessoais, agenda, contatos, enfim, pode ser muito útil, mas está nos afastando da alegria, da felicidade e do convívio real com as pessoas que amamos.